sábado, 19 de abril de 2008

The Seldom Seen Kid


O cartão de visita da banda de Manchester, para aqueles que não conhecem o seu trabalho e que não reconhecem já no nome de Elbow uma das melhores bandas desta última década, costuma ser a sua semelhança com os Radiohead. Se a semelhança for enquanto banda que renova o uso das guitarras, conferindo-lhe electricidade em prol de uma melodia (ou harmonia?) insistentemente repetitiva na nossa cabeça ao longo das horas, então sim. O cartão de visita que a Internet e a imprensa tem espalhado sobre este último trabalho, para além da mudança de editora, é o retorno aos primórdios da banda, aos tempos de Asleep In The Back. Se for pela maior personalidade que o novo trabalho, The Seldom Seen Kid, apresenta, nada contra.
Em verdade, nenhum dos dois clichés envergonha, em nada, a banda de Guy Garvey. A sua parecença com Radiohead, não sendo descabida, é forçada e mais forçada se torna ao ouvir The Seldom Seen Kid, nome dado em homenagem a um amigo da banda recentemente falecido. Se é verdade que, em certos pontos, as melodias de Elbow têm uma beleza que condensa modernidade e classicismo, ritmo e harmonia, como poucos para além dos Radiohead conseguem, não é menos verdade que o caminho que a banda toma é, quase sempre, diverso da aproximação electrónica do Rock progressivo dos Radiohead. Já aparentar The Seldom Seen Kid com Asleep In The Back, remete-nos para a altura mais visceral dos Elbow. É assim, The Seldom Seen Kid. Mais pessoal, mais orgânico, menos conformado com a possibilidade de os etiquetarem num qualquer estilo.
Torna-se, posto isto tudo, difícil falar de The Seldom Seen Kid. Não há género por onde se pegue, nem referências com que atirar para definir tudo isto. Resume-se num exercício de catarse extremamente pessoal que culmina em universos de melancolia e tristeza cortados por alguns ritmos libertadores. Por onde começar no meio de tudo isto? No início Radioheadiano (Ah, afinal tinham razão...) de "The Bones Of You", lembrança dos tempos mais Rock da banda de OK Computer, ou na face cinzenta que "The Loneliness of a Tower Crane Driver" apresenta? Tanto faz. Desde que corramos tudo, desde essas duas até à tristeza de "Some Riot" ou à inquieta paz de "Mirrorball", tanto faz. Importa é não perder este The Seldom Seen Kid.
Título: The Seldom Seen Kid
Autor: Elbow
Nota: 8/10

1 comentário:

rita maria josefina disse...

Catarse é a palavra chave deste disco, sem duvida, e Mirrorball é um tema que dá cabo e de qualquer mortal. No entanto não consigo encaixar os Elbow no mesmo saco que os Radiohead (de quem sou também fã), achando que estes primeiros praticam algo muito particular. Sim, talvez nas melodias tenhamos algo que encontre o mesmo caminho, ainda assim a voz de Guy confere-lhes uma identidade muito própria.
E The Envy Corps já ouviste?

(vou parar de vasculhar o teu blog, cada post, cada posta de pescada... :P )