quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A Vida Interior de Martin Frost


Do aclamado escritor Paul Auster, que aqui veste a pele de realizador, chega o seu mais recente filme, A Vida Interior de Martin Frost. Dizer que veste a pele de realizador é mais do que aquilo que o seu filme permite evidenciar. Ninguém deseja mal á carreira de Auster enquanto cineasta mas, nestes moldes, espera-se veementemente que este se dedique, com afinco, à profissão de escritor, já em si tortuosa e complicada. Não vale a pena complicar.

A Vida Interior de Martin Frost é um filme previsível, sem chama, sem relevante interesse literário, sem originalidade, que passa demasiado lentamente, mas sem nenhum motivo válido para tal. Não convence, não chega nunca a entusiasmar, não levanta, por um momento que seja, do patamar medíocre de uma intelectualidade e vida literária esprimida à força para dentro de um imaginário de fantasia. A ideia original nem era de todo desinteressante. Mistura entre Literatura e fantasia, combinado do novelo psíquico de um escritor com o esoterismo de um mundo de musas. Mas nada disto, por si só, é suficiente para se fazer um filme.

Com produção de Paulo Branco, e realizado em Portugal, o filme de Paul Auster escreve-se em poucas linhas. Martin Frost (interpretado por David Thewlis, um dos poucos pontos fortes deste filme) é um escritor a necessitar de repousar depois de concluir o seu último romance. É na casa de uns amigos, ausentes em férias, que trava conhecimento com Claire Martin (Irene Jacob), uma estudante, que lê tão compulsivamente como o estimula intelectualmente. Claire – será esta a mulher menos sensual do cinema moderno? – torna-se a musa que inspira Martin Frost a escrever um dos seus melhores trabalhos.

Daqui nasce o conflito, que no papel poderia ser interessante, sobre a realidade da existência de Claire. Produto mitológico, psicológico ou real, Claire contorna os problemas em prol da sua relação com o escritor. Contudo, tudo é tão óbvio, tão notório, as dicas que antecedem as revelações tão descaradas, que a história perde por completo a sua força. Resta algum jeito na comparação com o escritor execrável (o soprano Michael Imperioli), uma ou outra pincelada de humor e ligeiros pormenores literários que não pesam o suficiente para evitar fazer d’A Vida Interior de Martin Frost uma experiência muito pouco satisfatória.

Título: A Vida Interior de Martin Frost
Realizador: Paul Auster
Elenco: David Thewlis, Sophie Auster, Michael Imperioli, Irène Jacob
Portugal, 2007.

Nota: 2/10

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