quinta-feira, 13 de março de 2008

Duas Irmãs, Um Rei

A história de Henrique VIII, desde a ruptura com Catarina de Aragão até à cisão com a Igreja Católica é bem conhecida e tem sido, ao longo dos tempos, tema recorrente em vários campos da arte. Duas Irmãs, Um Rei é mais uma acha para a fogueira que, numa análise primária, não acrescenta muito, nem como caracterização da época nem da circunstância em si, com excepção do papel de Maria Bolena na intriga. Assim, baseado no livro de Philippa Gregory, Duas Irmãs, Um Rei introduz no usual jogo de interesses que a história de Henrique VIII pressupõe, um novo peão, Maria Bolena, e um novo campo de batalha, a luta entre as duas irmãs.

A história é a de sempre, e a série The Tudors conta-a muito melhor. Henrique VIII, rei de Inglaterra, é casado com Catarina de Aragão, do qual não consegue ter um filho varão. Ana Bolena será a mulher que o fará entrar em conflito com a sua mulher e exigir a anulação do seu casamento, situação que causaria a criação de uma nova Igreja nas terras de sua majestade. Até aqui, tudo parece ser um bonito romance, não fosse o caso de Ana Bolena, ela própria ter sido, uns anos mais tarde, condenada à morte pelo próprio rei – que aliás viria a ter ainda algumas mulheres ao longo da vida.

Enquanto a série The Tudors, quem sabe devido às muitas mais horas de exibição que lhe permitem uma maior exposição e explicação, concentra a sua trama em Henrique VIII e foca a motivação de todos acontecimentos em questões politicas e religiosas, num jogo de poderes ao mais alto nível, Duas Irmãs, Um Rei concentra a atenção exclusivamente na ambição do pai e do tio das irmãs Bolena e no conflito entre estas. De resto, este será um dos principais erros do filme, já que dará origem a uma série de personagens planas, sem interesse nem desenvoltura que são demasiado óbvias para nos suscitar interesse. Todas as personagens são uma caricatura de si mesmas. Eric Bana é um Henrique VIII sem personalidade nem identidade própria, Ana Bolena é a irmã má, mesquinha e manipuladora e Maria Bolena é a irmã envolta em aura de bondade e valores morais.

Nem o cartaz repleto de estrelas chega a funcionar em pleno para salvar Duas Irmãs, Um Rei. Eric Bana é pouco mais que a imagem do seu corpo, Natalie Portman interpreta com mestria mas pouco espaço de manobra a ambição de Ana Bolena e Scarlett Johansson tem a chama puritana que caracteriza Maria Bolena, mesmo quando compete com a sua irmã pelo coração do rei. Não, à parte de um filme relativamente bem feito, de uma história que nem é mal contada e deste punhado de actores mediáticos, nenhuma razão que torne este filme uma necessidade. Tudo não passa de uma fotografia demasiado escura numa história que outros já contaram melhor.

Título: Duas Irmãs, Um Rei
Realizador: Justin Chadwick
Elenco: Scarlett Johansson, Natalie Portman, Eric Bana, Jim Sturgess, Kristin Scott Thomas, David Morrissey
Reino Unido, 2008.

Nota: 4/10

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