segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Youth Novel


Já houve um tempo em que se sentiu a necessidade de frisar o quanto era novo e bom o que vinha da Suécia. Era novo, original e criativo. Não se conseguia agrupar num movimento nem perscrutar uma identidade, mas percebia-se que dali vinha o que de melhor se fazia. Essa ncecessidade desapareceu porque se toma como ponto assente hoje que a Suécia é um pólo criativo ímpar, que destoa, felizmente, da massificação em que quase tudo se tornou, mesmo no que a etiquetas classicamente livres como a Indie diz respeito. Não só esse pressuposto se mantém, como o facto de os nomes que surgem serem cada vez mais díspares também, cada vez mais difíceis de catalogar. Serve isto apenas para evitar que se comece a abordagem a Lykke Li com comparações com uma lista de nomes, contemporâneos da cantora e não só, ou com epítetos de sucessão. Lykke Li é uma das mais agradáveis surpresas de 2008 e isso chegar-lhe-à como cartão de visita.
Outro terrível erro que fazemos frequentemente é catalogar. Etiquetar é limitante. Para quem ouve um cd e para quem o compôs. Parte deste erro vem exactamente de muitos trabalhos, mesmo que bons, serem, nesse sentido, limitantes. Lemos aquela descrição de 3 linhas, muito competente e técnica, e sabemos perfeitamente onde enquadrar o álbum. Não é algo que possamos fazer com Youth Novel, o álbum de Lykke Li que tanto tem dado que falar. Falam dele repetidamente como membro de uma cena Indie, mas nada, hoje, é mais vago do que isto. Youth Novel consegue ser bastante simples e bastante verdadeiro. Simples porque se baseia em sonoridades relativamente simples e, em geral, altamente melódicas, suportadas pela voz refinada e cativante de Li. Verdadeiro porque não se limita a ser um álbum com uma direcção, é alternante e por vezes quase contraditório. Porque é assim que vivemos. Uns dias dançamos, noutros simplesmente sorrimos, noutros ainda estamos soturnos ou melancólicos.
"I'm Good, I'm Gone" é o cartão de visita mais conhecido pelas rádios e traz-nos a versão mais acessível de Youth Novel, com fundos electrónicos a pontuar o bater de pé enquanto a voz se torna paradigma Pop e nos caminha até ao refrão programado e ansiado. Mas é nas variantes que o cd apresenta que se dá a conhecer melhor. "Little Bit" é a sua versão mais Pop a aflorar em lances de pureza melódica, mas em "Dance Dance Dance" percebe-se que há um jogo de cintura que apenas o Jazz pode suportar. "Breakin it up"desfaz-nos a ideia de uma miuda pacata enquanto "Melodies & Desires" nos relembrar que há dias mais cinzentos que outros. É isto a vida. Lykke Li soubre transpô-la como poucos em 2008.
"You'll be the rythm, and I'll be the beat."


Título: Youth Novel
Autor: Lykke Li

Nota: 8/10

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