domingo, 2 de novembro de 2008

A Fraude


"O que confere originalidade aos cafés-teatro de hoje é que eles se tornaram um dos últimos refúgios dos autores e actores não reconhecidos e decididos a desafiar o establishment teatral que só apresenta peças de boulevard de sucesso, autores clássicos reconhecidos, ou espectáculos subvencionados criados sem muito risco. O café-teatro (que em outros tempos seria chamado teatro de arte ou experimental ou estúdio) nesse sentido é uma resposta à pretensa crise de autores, à dificuldade, esta sim real, de encontrar um local de trabalho, mas também uma resposta à demanda insistente de um público jovem em busca de novos talentos, de um riso libertador e yambém de um repertório renovado e conectado com a actualidade."
Assim define Patrice Pavis, professor de Teatro na Universidade de Paris, o Café-Teatro, no seu livro Dicionário de Teatro. E é isto também que se passa no Teatro da Trindade, num bom aproveitamento do seu Teatro-Bar. Nas palavras de Leandro Morgado, é a proximidade do público que o atrai no formato. O actor sente-se mais próximo e o público também. O espaço apela à interactividade e ela existe. Como nas palavras de Pavis, Leandro Morgado percebe o espaço em que se mexe e usa-o como oportunidade de fazer algo diferente. Essencialmente, é a isso que se propõe. Uma abordagem nova e mais próxima. Para isso, escreve, dirige e interpreta este café-teatro. Motivado pelo quê?
Com 1,75 milhões de cópias nos Estados Unidos, o livro O Segredo foi um best-seller que também em Portugal fez a sua mossa, quer como livro quer no formato DVD. Esta é apenas a face mais visível de toda uma recente cultura de ajude-se-a-si-mesmo, de falsos profetas, de falsos misticismos, cujo marketing sobre o público alvo resulta na venda absurda de todo o tipo de livros de auto-ajuda. Contra esse tipo de cultura, A Fraude utiliza a comédia, como ponto de sátira e de consciencialização. Sobre temas como a astrologia, numerologia, a já referida auto-ajuda, entre muitos outros. Porque, como escreveu Eça de Queiroz, "O riso é a mais antiga e mais terrível forma de crítica".
Em cena no Teatro-Bar do Teatro da Trindade, de 31 de Outubro a 22 de Novembro de 2008, sextas-feiras e sábados, às 23horas.
Título: A Fraude
Autor: Leandro Morgado
Som e Luz: Rui Fernandes
Elenco: Leandro Morgado

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