domingo, 27 de janeiro de 2008

Rufus Does Judy at Carnegie Hall

Em Release The Stars, Rufus Wainwright assumia-se como um dos melhores cantautores da sua geração. Assumia-se como uma estandarte dos cantores cuja homossexualidade é bandeira de activismo, mas conseguia não se extinguir em epítetos sexistas, resumindo-se sim como um cantor de enormes qualidades e um compositor exímio. Release The Stars era a sugestão. Rufus Does Judy at Carnegie Hall é a confirmação. No seu mais recente trabalho, a gravação de um concerto, Rufus Wainwright confirma o autor e homem de espectáculo.

Rufus Does Judy… é a recriação de um concerto de Judy Garland em 1961 no mesmo Carnegie Hall onde Judy protagonizou um dos mais celebrados concertos de sempre. O concerto de Rufus é uma recriação perfeita. Segue a sequência inicial escrupulosamente – Rufus chega mesmo a parar para falar nos mesmos intervalos que Judy, gozando com isso – mas consegue imprimir um tom pessoal e renovador a musicas que são, na sua maioria património do imaginário musical geral. Para além disso, Rufus Does Judy… é homenagem de um grande cantor para outro, uma homenagem a Judy Garland, mas também aos grandes compositores que consigo trabalharam e, em última análise, uma homenagem ao género, ao musical e à Broadway, enquanto espírito, musica e ambiente.

Rufus Wainwright consegue assim aquilo que qualquer remake de cinema ambiciona habitualmente. Homenagear sem copiar, recriar com inovação e um cunho muito próprio. Rufus assume a sua incapacidade de músico Jazz – o que, a propósito, não é muito verdade – e preenche o concerto com piadas, gags, intervenções, confissões e mesmo alguns lapsos inesperados. Tudo para bem do espectáculo. A toda esta encenação, junte a oportunidade de revisitar alguns clássicos pela voz de Wainwright como “Puttin’ on the Ritz”, “That’s Entertainment” ou “San Francisco”, e terá um dos mais inesperados e bem conseguidos álbuns do recém acabado 2007.

Título:
Rufus Does Judy at Carnegie Hall
Autor: Rufus Wainwright

Nota: 8/10

1 comentário:

L disse...

é claro que o sentido de humor é indispensável. confesso que nem sou grande entusiasta da Garland, mas a voz do Rufus preenche os espaços que, para mim, faltavam. e temos sempre um bocadinho de Garland num qualquer concerto de Rufus, pelo que já estávamos à espera de um álbum inteiramente dedicado à "diva".