domingo, 9 de março de 2008

Vampire Weekend

Há dois pontos essenciais a esclarecer sobre os Vampire Weekend. O primeiro prende-se com a necessidade dos últimos anos, expoente máximo da sociedade ocidental, de consumir rapidamente e em grande quantidade. Ainda agora levávamos Amy Winehouse em ombros e já as próximas cantoras do género se colocam em fila para serem levantadas. Igual panorama, e talvez ainda pior, acontece entre as bandas daquilo a que, genericamente, se considerou chamar de Indie-Rock. Se isso é bom? Com certeza que não, para quem suporta o gosto pela musica e não pelo consumo. Se isso é mau? Também não, para quem acha que da maior oferta sairão melhor resultados. Vitimas deste ciclo ou não, os próximos candidatos a trono do momento estão encontrados. Chamam-se Vampire Weekend, têm um álbum homónimo e vêm de Brooklyn, Nova Iorque. Ainda é cedo para ver neles mais do que isso, mas merecem com toda a certeza os holofotes do momento.

O segundo ponto é o mesmo que nos faz falar de M.I.A, de Buraka Som Sistema, de David Byrne, de Fela Kuti, dos Talking Heads e de tantos outros nomes, tão diversos como estes. Em comum têm a compreensão musical do fenómeno a que a sociologia chamou de Melting Pot. Só através desta mistura de culturas e de etnias, a fusão de sons, instrumentos e ritmos, que culmina num trabalho tão rico como este. Sejamos claros, não há aqui nada de World Music, senão nas influências que sobre os Vampire Weekend pesaram. Nesse sentido, os Vampire Weekend fazem o contrário de M.I.A.. Enquanto ela traz a Electrónica para servir os ritmos e base que procura, os Vampire Weekend arrastam os sons africanos de África e servem-se deles a seu belo prazer para bem do Rock New-Wave.

Na construção do seu caldeirão multiétnico e eclético, como convém a habitantes de uma zona habitualmente pluricultural e com forte sentido histórico no que a novas correntes artísticas diz respeito, os Vampire Weekend são verdadeiros magos no talento de fusão e actuam como chefs de nouvelle-cuisine na capacidade de manobrar tantos, e tão variados, ingredientes. Neste caldeirão usam-se percussões e cordas africanas por cima de base Indie-Rock, rega-se com coros tribais numas zonas, com teclados eléctricos noutras, polvilha-se com alguns violinos para adocicar e leva-se ao lume da melhor tradição New-Wave dos últimos anos. Músicas como “Mansard Roof”, “A-Punk” ou “One” são claros exemplos de todo este marinar e são refeição de luxo que, em lugar algum, deixa um bom anfitrião embaraçado.
Título: Vampire Weekend
Autor: Vampire Weekend
Nota: 8/10

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