quarta-feira, 2 de julho de 2008

A Festa



Sete amigos juntam-se numa passagem de ano. Até aqui tudo normal, tudo vulgar. O interessante surge depois, quando se conhecem uns aos outros, verdadeiramente. Durante uma noite de festa, a teia de relações e cumplicidades entre estes sete amigos vai ser posta em causa. Todos mostram a sua face negra e verdadeira, até então escondida.

“Uma festa pode ser alegre ou aborrecida, este espectáculo também” é a frase que o projecto Estúdios usa para definir o espetáculo, e faz todo o sentido. É nos apresentado um cenário rígido e simples, inalterável do principio ao fim e pouco visível. Visíveis são as deambulações dos actores pelo palco quase vazio, as trocas de insinuações, provocações que surgem por assuntos banais e sem a mínima importância, do género “as ameijoas têm areia”.

Numa peça praticamente dependente do texto, este tem de fixar o espectador, mantendo-o interessado e cativado, em suma, tem de ser um texto bom. E este é, de facto um bom texto, com pormenores subtis e preciosos, não só, mas essencialmente, a nível cómico.

O trabalho de actor é simples, mas regado de subtilezas que tornam o texto ainda melhor. Nenhum dos actores se destaca pela qualidade mas sim pela contracena, conseguindo manter o ritmo da peça elevado na sua quase totalidade. Ponto fraco para aqueles momentos em que os dialogos e as personagens se “atropelam” em palco. Um problema de encenação que por vezes surge quando se é performer e criador.
Uma comédia séria, que não deixa de ter piada. Uma criação colectiva em cena no Teatro Maria Matos, de 3 a 27 de Julho.
Título: A Festa
Autores: Filipe Homem Fonseca, Nelson Guerreiro e Tiago Rodrigues
Elenco: Cátia Pinheiro, Cláudia Gaiolas, Joaquim Horta, Marcello Urgeghe, Rita Blanco, Tiago Rodrigues e Tónan Quito
(Crítica de Filipe Matias.)

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