sábado, 10 de janeiro de 2009

Australia


Baz Luhrmann é um poeta, essencialmente. E, como tal, o que faz é poesia. Romeu + Julieta era uma adaptação aparentemente quase absurda e a probabilidade de não se gostar da sua abordagem à imortal obra de Shakespeare é enorme. Mas a fidelidade, apesar de tudo, que demonstrou na sua versão é de um idealismo atroz. Aquele é um Romeu e Julieta que se pedia. Arriscado e inspirador. Depois vem Moulin Rouge, um musical que, ainda mais que o seu antecessor, parece ter mais de teatro que de cinema. Mas a receita resulta na perfeição e Luhrmann consegue uma das melhores obras de amor pós-moderno do cinema contemporâneo. Moulin Rouge é belo, é poético e é tocante. Custa-nos dizer, aos homens, estas coisas, mas a sensibilidade do filme é tremenda. Há, em McGregor e Kidman, mais do que em Di Caprio e Danes, a imagem do amor idealizado que varreu o cinema americano clássico. Um toque de grandes estrelas ao serviço de uma história de amor eterna. Há tanto de Romeu e Julieta em Moulin Rouge como em Romeu + Julieta.
Em Australia, Luhrmann volta a Kidman e, em certa medida, à sua vertente romântica idealizada. Há menos teatro, mas não há menos poesia. Lê-se um pouco por toda a parte que Luhrmann se produz de mais na criação de um filme épico e absurdamente gigantizado. Haveria outra coisa a esperar dele? É essa, exactamente, a qualidade de Australia. O arrojo, a fé e a crença numa beleza e numa amor que o cinema - e outros campos - celebrizaram há anos e que se tem vindo a perder. Do lado de lá da tela, reproduz-se um cinema que já não existe e um amor em que poucos já acreditam. Do lado de cá, cria-se uma certa magia, da mesma que o Peter Pan de Barrie nos fazia sentir, a magia da crença. É, obviamente, preciso uma certa abertura de espírito e um rejeitar do nosso tão moderno criticismo - ele sim épico - para podermos mergulhar na beleza de Australia. E daí, nem todos gostamos de poesia.
Não deixa de ser mentira tudo o que se diz do filme. A homenagem ao cinema clássico é notória - e, por algum motivo, Casablanca é o que mais vezes me ocorre, apesar da semelhança óbvia com África Minha - e nem sempre é camuflada. Durante poucos minutos, damos por nós a assistir a um remake de Pearl Harbour, mas o susto passa rápido e, como mandam as regras dos filmes românticos, a parte bélica nunca chega a tomar conta da tela. Há produção a mais para filme a menos? Com certeza que há, em certos pontos. Há Kidman e Jackman a menos, por culpa do guião? Admitimos que sim, não causa especial transtorno. Mas há a memória de um tempo em que o cinema era belo e as mulheres choravam nos ombros dos homens que olhavam para o lado para limpar uma lágrima. Que nos lembrem isso, e que esse cinema se faça hoje com a mesma ambição, mesmo que com um pouco menos de pureza, é refrescante. E poético.
Título: Australia
Realizador: Baz Luhrmann
Elenco: Hugh Jackman, Nicole Kidman, Bryan Brown, Brandon Walters, David Wenham e Jack Thompson
Australia e E.U.A.
Nota: 7/10

1 comentário:

Anónimo disse...

ola!tão?td jolie?suponho que este blog sirva para isto: vir te deixar mensagenzinhas, dada a frequência endiabrada com que postas. Olha, podias fazer disto um espaço tipo facebook e ficavas multi-milionario!!!
eu deixo aqui o pontapé de saída:

Olá gustavinho! tou xeio se saudaduxas tuax! qd é k vamos tomar um coffe..ve se dixes kk coisa