quinta-feira, 13 de março de 2008

John Rambo

Deixemo-nos de subterfúgios, de paninhos quentes e falinhas mansas. John Rambo (o filme, embora talvez se pudesse dizer o mesmo sobre a personagem em si) é um exercício ridículo e desprovido de sentido que não o de prolongar um dos dois filões que colocou Stallone no estrelato dos filme de acção. Ou então, simplesmente comédia. Esqueçam a história, os diálogos, os propósitos, a conjuntura politica ou as denuncias sociais. Não há nada em Rambo que não a violência gratuita e bacoca, executada de forma primitva e básica. Nada disto era, por si só, exclusivamente mau. Se fosse bem feito.

John Rambo poderia até ser um filme interessante, tivesse Stallone – mais uma vez, actor principal e realizador – optado por perceber a decadência da personagem que interpreta. John Rambo está muito perto do filme de série B clássico que Grindhouse homenageia. Mas não chega, ao fim e ao cabo, a lado nenhum. Não tem a pureza do filmes do género, não tem a inteligência nem a humildade de um filme como Planeta Terror nem tem a classe para ser um filme de acção. Nem, jamais, terá a sabedoria para ser um filme politico. É, somente, um homem maduro (de mais) mergulhado em esteroides a matar vilões reduzidos a primitivos espantalhos.

Não há sequer a tal realidade crua que Stallone, em entrevista, confessa querer transmitir. Não há uma ideia da guerra, uma ideia da crueldade. Não há, no fundo, ideias. Há sangue, campos de guerrilheiros decepados e mortos e uma das personagens mais tristemente cómicas da história do cinema. Há um lado tragicómico em John Rambo e é neste aspecto o mais próximo que chegamos a ter de uma ideia ou conceito. O retrato de um homem – Rambo ou Stallone – que insiste em não perceber quem é e o ridículo a que se sujeita. E isso, em Rambo ou em Stallone, é trágico e tem piada.

Título: John Rambo
Realizador: Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone, Julie Benz, Matthew Marsden e Graham McTavish
E.U.A., 2008.

Nota: 2/10

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