segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O Ar Que Respiramos



O problema de O Ar Que Respiramos não é não ter qualidade, porque até tem alguma e que em grande parte se deve ao seu elenco. O problema é vir tarde. O filão que tanto tem rendido nos últimos anos - entre dinheiro e óscares - começa a esgotar-se e, por si, a não ser nada. Tudo começou, em larga escala claro, com Magnolia. Apartir daí o género de manta de retalhos, onde as personagens e as suas histórias se confundem e cruzam, rendeu vários filmes, mais ou menos sucedidos, como 21 Gramas, Amor Cão ou Colisão. A vantagem destes é que nos fascinavam pela sua estrutura. Magnolia é um óptimo filme, mas como adorávamos que o filme de Paul Thomas Anderson nos confundisse e se metesse em encruzilhadas confusas de relações pessoais. Já nada nos surpreende. E Jieho Lee, o homem por detrás da câmara em O Ar Que Respiramos, não percebeu isso.

O Ar Que Respiramos roda em torno de 4 histórias. Felicidade, prazer, tristeza e amor. Forest Whitaker é um banqueiro cinzentão e saturado da sua vida rotineira que, numa jogada de azar, se vê obrigado a assaltar um banco. Brendan Fraser é o braço direito de um mafioso, que tem a estranha particularidade de conseguir ver o futuro - estranha capacidade, especialmente num filme que não pedia estas incursões no misticismo fugaz. Sarah Michelle Gellar é uma cantora que vê o seu caminho cruzar-se com um mafioso e que, por isso, se encontra envolta em diversas peripécias. Kevin Bacon é um médico, ainda apaixonado pela mulher do seu melhor amigo. E é no jogo destas personagens, e tão só, que se desenrola o filme. Bacon precisa de Gellar para salvar o seu amor; Fraser apaixona-se por Gellar e, quem sabem usa Whitaker para que este, em última análise, salve Gellar. Não se preocupe, não chega a ser confuso.

Nisto, o filme até se mostra um objecto desenrascado. O problema é não haver nada para além disto e esperar-se que a fórmula mais o elenco resulte. Não chega. Teria de haver um enredo capaz, uma noção de cinema e um conceito qualquer que não um misticismo barato e fugaz. Resta-nos um Brendan Fraser que não sabemos bem o quanto levar a sério, um sempre brilhante Forest Whitaker e um óptimo Andy Garcia, cada vez mais seguro de si próprio. O formato é bom, mas, felizmente, chegámos ao ponto em que precisamos de mais.

Título: O Ar Que Respiramos
Realizador: Jieho Lee
Elenco: Sarah Michelle Gellar, Kevin Bacon, Brendan Fraser, Forest Whitaker, Andy Garcia, Emile Hirsch e Julie Delpy.
E.U.A. e México, 2008.

Nota: 5/10

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