quinta-feira, 21 de junho de 2007

Myths Of The Near Future

Revivendo o sempre complicado sucesso junto do público, é tarefa ingrata, mas possível, tentar perceber um padrão na actualidade de determinado género musical. Juntemos-lhe a ainda mais complexa e nem sempre desprovida de influência, actividade crítica musical e as coisas pioram significativamente. O que têm em comum LCD Soundsystem, Cansey de Ser Sexy, Bloc Party ou Franz Ferdinand? Para além do pano de fundo dançante. E da presença, em menor ou maior proporção, de um electrizante guitarra. E da fuga, amiúde, para um qualquer subgénero musical. A qualidade. Conclusões a retirar: A receita está escrita. Não quer dizer que todos saibam cozinhar.
Depois, por entre os eternamente aclamados e os devastados sem comiseração, a critica musical decide dividir-se nalguns casos. Um dos mais recentes exemplos são os Klaxons. Referenciados desde o ano passado fruto dos singles que apresentavam, é em 2007 que trazem o envolto em polémica Myths Of The Near Future. Presos desnecessariamente a epitopos de new rave (vá alguém compreender a parafernália de novos géneros constantemente a serem apregoados), viram o álbum causar discórdia, alimentado ódios, com o jornal Guardian à cabeça, e clamorosos aplausos de salvação aos mitos de um futuro vindouro.

A verdade sobre o trabalho chega a ser tristemente burguesa, recaindo no meio termo. Os Klaxons não trazem um primeiro trabalho divinal, como fizeram os Arcade Fire, por exemplo, mas não borram a pintura. Bem pelo contrário. Se não sabe ao que vai, espere ouvir um belo álbum de iniciação desta banda que se enquadra bastante bem no bastante em voga Dance-Rock. Electrónica pungente apoiada por ambientes Rock a degladiar pós-Punk por afirmação. Até aqui nada de novo. É a vivacidade e a capacidade de diversificação dentro de um trabalho que surge, mesmo assim, coeso, que impressionam pela positiva. Apresentará mais momentos inferiores do que seria desejável, mas a toada constante que percorre uma audição a eito é claramente positiva.

Há um pouco de Franz Ferdinand em “Totem on the timeline”. O cinzento expresivo de The Good, The Bad and The Queen já se parece fazer sentir em “Golden Skanks”. Há pista de dança em tom Clap Your Hands Say Yeah! em “Forgotten Worlds”. Há inícios Prodigy. Há momentos altos como em “Atlantis to Interzone”. Tudo isto, num só, sãos os Klaxons, banda nem tanto ao mar nem tanto à terra. Não está aqui a salvação, se é que dela estamos à espera, da música contemporânea. Mas, bem mais longe, não está o vazio musical que muitos querem fazer crer. Deixá-los, por enquanto, ser mitos. Talvez possam vir a ser algo mais. Num futuro próximo.
Título: Myths Of The Near Future
Autor: Klaxons



Nota: 7/10

1 comentário:

Luís Galego disse...

a revisitar este novo espaço...

um abraço,
Luís Galego