sábado, 1 de março de 2008

Michael Clayton


Nomeado para 7 Oscars da academia, entre os quais Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Actor Principal, Melhor Actor Secundário e Melhor Actriz Secundária, Michael Clayton é a estreia de Tony Gilroy como realizador de longas-metragens, depois do reconhecimento como guionista que Armageddon ou a trilogia Bourne lhe trouxe. De todas estas candidaturas apenas Tilda Swinton arrecadou a estatueta de Melhor Actriz Secundária, numa das mais discutíveis atribuições desta edição dos Oscars.

Gilroy utiliza Michael Clayton, um advogado de uma grande companhia especializado no desenvencilhar de situações inoportunas, indesejadas e de difícil resolução, como leit-motif para um olhar para dentro do sistema judiciário americano mascarado de thriller-suspense. Um olhar sobre o jogo de poderes, influências e corrupções mas também uma reflexão sobre o mundo das corporações, das grandes instituições e dos advogados. Neste aspecto, Michael Clayton é um filme banal. Competente, ritmado e bem filmado. Mas banal. Não há grande originalidade nem pontuação extra por nenhum argumento original.

Valem a Michael Clayton, para escapar ao mero filme de género, à repetição dos códices a que nos habituaram, 2 aspectos. George Clooney, Tom Wilkinson. George Clooney é, desde o famoso medico Doug Ross de ER, um simbolo universal de charme e glamour. Em Michael Clayton, ao contrário de todos os Oceans’, consegue viver para além disso, demonstrando um actor convincente, independente da sua imagem. Não chega, de modo algum, a competir com o Daniel Day-Lewis de Haverá Sangue, mas vale a nomeação. Tom Wilkinson tem em Michael Clayton actuação brilhante, onde interpreta o advogado da companhia em causa que deixa de tomar a medicação contra a sua doença maníaco-depressiva e inicia a denúncia do caso que despoleta todos os acontecimentos. Há ainda Tilda Swinton, a oscarizada, numa actuação acima de tudo intensa e consistente, prova inequívoca de bem representar, mas ainda assim insuficiente para Óscar.

Tudo isto se conjuga para que Michael Clayton se torne mais do que um filme igual a tantos outros. Para que Michael Clayton se torne, em certas alturas, um filme mais sobre Michael Clayton do que sobre as denuncias que ele representa. Um filme sobre um homem que se confronta a si próprio com os seus vícios, os seus problemas e as consequências dos seus actos. Nessa mistura de elementos, entre a caracterização do meio e a redenção do homem nasce o filme que originou as 7 candidaturas. Tudo o resto é apenas mais um filme de entretenimento bem feito, como há vários.

Título: Michael Clayton – Uma Questão de Consciência
Realizador: Tony Gilroy
Elenco: George Clooney, Sean Cullen, Tom Wilkinson, Tilda Swinton, Sydney Pollack, Michael O'Keefe e Ken Howard.
E.U.A., 2007.

Nota: 6/10

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