terça-feira, 22 de abril de 2008

Oito


A maturidade há-de ser isto mesmo. Aliar a experiência à vontade. Manejar os resultados passados com novas ambições. Não, aqui não há lugar para metáforas com o vinho do porto. Mas há consciência de estarmos perante os Rádio Macau, banda com mais de 20 anos de carreira e que, como tal, são repetentes nas lides da Pop nacional. Mais do que repetentes, eles são parte integrante da formação da mesma. Oito é, desde o princípio, uma prova de envelhecimento consciente. Desde o título, coisa mais sóbria, até à capa, estética simples e moderna. Tudo em direcção à música, à composição e ao arranjo.
A verdade é que pertence àquela vertente que sente falta do Pop-Rock vivo e irrequieto que marcou o início da carreira dos Rádio Macau. Um Pop-Rock, muitas vezes mais Rock que Pop, que marcou os anos 80 e que permanece vivo na memória de todos. Não desejava, com certeza, transformar os Rádio Macau numa máquina perene e imutável, porque seria o primeiro a apontar o dedo à sua falta de renovação. Mas não posso deixar de ver com alguma nostalgia a forma como, ao contrário do início, desta feita o Pop-Rock é bem mais Pop que outra coisa.
Não há nada de errado com esta escolha. Pelo contrário. Oito é um àlbum de grande interesse, onde a letra e a composição têm maior importância do que o ímpeto. Tudo converge para torná-lo um álbum uno, coerente e para ser ouvido de fio a pavio. É um álbum, no sentido antigo do termo que muitos dizem se ir perdendo. Pop feita por quem sabe manobrar a arte, onde se destacam momentos como "O Astronauta" ou "Os Sonhos Impossíveis". Dizem dele ser um trabalho mais clássico. Talvez seja. Mas deixa saudades do lado inverso que esta mesma banda já protagonizou. Talvez seja isto a maturidade.
Título: Oito
Autor: Rádio Macau
Nota: 6/10

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