quinta-feira, 22 de novembro de 2007

The Flying Club Cup

Apesar de há muito, desde os 15 anos, ver os seus álbuns editados, é aos 19, em 2006, que vê, pela primeira vez o seu trabalho reconhecido a larga escala. Com The Gulag Orkestar, Beirut dava-se a mostrar ao mundo. Com The Flying Club Cup, agora já com 21 anos, comprova-se. Não é de todo estranho que alguém tão novo se afirme no mundo da musica, especialmente nos tempos next-big-thing que correm. Os Arctic Monkeys fizeram-no ainda mais novos, eles que simbolizam essa efervescência juvenil da musica. Mas esse é o exacto contraponto com Beirut, que causa espanto no mesmo. A maioria das bandas jovens quer-se assim mesmo, jovens. Imaturas, irreverentes, rebeldes. Beirut é aos 21, como o era aos 19, um senhor. Na voz, na música ou na melodia revela uma experiência – quer no sentido experimentalista quer no sentido de sabedoria – que não pode deixar de surpreender.

Muitos o quiseram aprisionar com o rótulo de World Music, mas até aí se revela a complexidade deste projecto. É sem dúvida um trabalho de forte influência cigana, a que não será alheia a sua experiência pelos Balcãs. A influência dessa zona traduz-se num ambiente festivo, circense, onde os instrumentos locais se fundem com a melhor tradição Pop. Mas é exactamente este carácter Pop, que Beirut extrai como ninguém dos ambientes étnicos, que lhe conferem um lugar em palcos mais amplos. Ou não fosse Zach Condon, o homem por trás de Beirut, dos Estados Unidos.

A este som magnifico e tão maduro não será estranho o trabalho de Owen Pallett, oriundo dos Final Fantasy, nos arranjos. A isto junte-se a voz melancólica e ressacada de Condon, a sua lírica poética, as melodias soberbas e o toque único que os instrumentos tradicionais conferem. Assim se conseguem músicas soberbas como “Nantes”, uma das melhores músicas de 2007. Mas há mais. Há “A Sunday Smile” ou a majestral “Cliquot”, que são apenas pontos mais altos num cd de qualidade altissima. Kusturica percebeu a pertinência deste som mas ninguém como Beirut soube levá-lo tão a sério.

Título: The Flying Club Cup
Autor: Beirut

Nota: 8/10

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