
Norah Jones sempre foi uma estrela dividida entre o Jazz e a Pop. No seu mais recente trabalho, Not too late, faltam-lhe ambos. A voz jazz está lá mas não tem onde se agarrar, faltando-lhe momentos mais emotivos com que já nos surpreendera nos dois trabalhos anteriores. Para Pop falta-lhe Pop. O que se pedia a Norah Jones neste ponto da sua carreira era uma de duas coisas: a evolução para algo mais que uma estrela talentosa mas algo perdida; ou mais um álbum onde um bom momento Jazz ou Pop nos prendesse, como acontecia com “Sunrise”, “Don’t Know Why” ou “Come away with me”.
Olhando com atenção para Not too late, Norah Jones falha ambos. A sua transição para compositora, entre os momentos intimistas e a manifestação politica não chega a convencer enquanto que nenhuma música realmente empolga ou emociona. Fica um álbum exageradamente morno. Não pensemos que Not too late é um mau trabalho, porque o não é, mas sabe manifestamente a pouco. Espera-se mais de Norah Jones do que um mero cd em formato banda sonora de longa viagem em autoestrada.
Ainda assim, algumas músicas deixam alguma esperança em relação a esta nova versão de Norah Jones. “Wish I Could” é single radiofónico descarado e óbvio, mas ainda assim mostra um pouco da força dos álbuns anteriores. “Sinkin’ Soon” é homenagem (demasiado) notória a Tom Waits, “My dear country” é posicionamento politico em tom de bar de hotel e “Be my somebody” foge à monotonia generalizada. Tudo o resto são baladas com tiques Jazz demasiado lânguidas e mortiças. Mantenha-se a esperança na filha de Ravi Shankar.
Título: Not too late
Autor: Norah Jones
Nota: 5/10
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