quinta-feira, 31 de julho de 2008

Consolers of the Lonely

Este é o material com que se escreve a história do Rock. Quando, daqui a 30 anos, se falar do Rock nos primórdios do milénio, esta é parte dessa história. Jack White escrevê-la está longe de ser uma surpresa. Não bastavam os White Stripes, ponto alto na arte de bem fazer este antigo labor que é o Rock, como até no escape dessa banda consegue produzir momentos fantásticos. Nos White Stripes sente-se a obessão por uma perfeição metódica e simples. Com os Raconteurs - e não tenhamos ilusões, Jack White é o motor por detrás dos dois, independentemente da excelente qualidade das restantes peças de maquinaria - há uma maior liberdade para explorar. Entramos constantemente num parque de diversões com diversas zonas temáticas.
Se o primeiro trabalho sugeria - não nos esquecemos da perspicácia por detrás da fantástica "Steady as she goes" -, o segundo assegura. Os Raconteurs apareceram como um projecto intermédio entre diversos amigos que se juntavam simplesmente para fazer música de que gostavam. Deixaram de ser, por completo, um projecto paralelo. Começam a ser um projecto sem paralelo. Tudo surge de forma imiscuída, mas aparentemente fácil, e esquecemo-nos que alguma vez ouvimos mau Rock, parecendo-nos difícil que exista um mundo onde as rádios não passem constantemente música deste género.
O Rock quer-se diverso, já se sabe. Há quem nos faça lembrar que um dia existiram os Beatles ("Pull this blanket off"); há quem nunca tenha percebido que o Grunge acabou ("Five on the five"); há quem, felizmente, não consiga esquecer o apelido White e as suas origens ("Salute your solution"); há quem consiga juntar o piano ao Rock delicodoce e ser - ao contrário do padrão normal e vulgar de melodramatizar a melodia - intenso e frenético nessa doçura ("You don't understande me" - ponto altíssimo deste álbum). E há quem consiga fazer tudo isto. São os Raconteurs.
Título: Consolers of the Lonely
Autor: Raconteurs
Nota: 8/10

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