segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Off With Their Heads


É com alguma tristeza que se olha a carreira dos Kaiser Chiefs. A razão é simples. Começaram bem de mais. É verdade que Employment era um álbum perfeito e as expectativas, á partida, são más conselheiras e estavam demasiado altas. Ainda hoje ecoam nos ouvidos refrões orelhudos como os de "Everyday I love you less and less" ou "I Predict a riot". O que se seguiu foi um cd má memória, sem grande motivo de orgulho ou referência, Yours Truly, Angry Mob. Eram uma espécie de Obama-wannabe que empolga as massas e transformaram-se no presidente de uma junta de freguesia perdida no meio de tantas outras. As metáforas são tantas e tão fáceis. Era entusiasmante falar dos Kaiser Chiefs em 2005, enquanto se ouvia Employment. Citavam-se os Kinks e referenciam-se os Blur, enquanto se ouvia a par e passo Franz Ferdinand. Eram uma das grandes esperanças de um Brit-Rock dançável e vigoroso.
Não espanta por isso que, ao ouvir o seu último trabalho, o sentimento seja de grande pesar. Sem metáforas. Os Kaiser Chiefs eram uma grande banda, promissora como poucas, e transformaram-se em mais uma máquina de produção no mundo musical da Pop-Rock com estilhaços electrónicos. Não há identidade nem especial qualidade em Off With Their Heads. Não é, obviamente, um trabalho horrível. "Never Miss a Beat" poderia ser incluída em Employment, mas seria claramente das piores músicas - apesar de ser material radiofónico óbvio e descarado. "Tomato in the rain" é um alien imperceptível, "Can't say what I mean" seria single principal de uma banda indie-rock de segunda tornada anteontem hype em Manchester e "Good days, bad days" é a prova de que os Kaiser Chiefs andam em piloto automático - e não é em modo cruzeiro, é au ralenti. Fossem eles uma banda qualquer medíocre, dessas que abundam no MySpace ou mesmo entre as editadas, e o saldo seria bastante mais positivo. Mas haverá pior sensação que a desilusão?
Título: Off With Their Heads
Autor: Kaiser Chiefs
Nota: 5/10

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