sexta-feira, 11 de abril de 2008

Lust, Lust, Lust


Não sabíamos deles desde Pretty Black de 2005, mas desde a sua estreia, em 2002, com Whip It On, que os seguimos atentamente. Lust, Lust, Lust, o último trabalho, vem explicar o porquê de uma coisa e de outra. O porquê de os seguirmos - sempre suspeitámos que poderiam fazer algo deste género - e o porquê de não terem dado notícias - um álbum destes não se faz de um dia para o outro. O duo dinamarquês com arraiais assentados em Los Angeles consegue com Lust, Lust, Lust uma bela conjugação de fortes letras com uma música retro mas agressiva, revitalizando partes do Rock que os seus colegas de profissão muitas vezes parecem descurar em prol de mais uns minutos na rádio.
A grande vantagem do trabalho de Sune Rose e Sharin Foo é saber pesar os seus actos com grande sabedoria. O resultado é um álbum que une o melhor do shoegazing sem afugentar grande parte dos ouvintes com a confusão sonora que o género pressupõe. Lust, Lust, Lust é um exercício revivalista de momentos que os Velvet Underground paradigmatizam e os Sonic Youth reinventaram. Junta-lhe a isto uma visão mais moderna do Rock - o que faz com que seja revivalista e não imitador - e uma contenção dos seus elementos que o tornam sujo e decadente, mas atraente e apelativo. Mantém a força mas esquece parte da falta de ecletismo. Não tenhamos confusões, ainda assim. Nem todos os ouvidos acostumados ao Pop-Rock engravatado e falsamente rebelde de hoje estão treinados para o caos que por vezes aqui se gera.
O que se ouve em Lust, Lust, Lust são muitas guitarras, muito shoegazing e muito pedalar a competir com letras muito interessantes e com ritmos aparentemente simples mas que funcionam em plenitude. Ouçamos a óptima "Aly, Walk With Me". Á força da letra e ao ritmo que nos vai contagiando vão-se juntando peças solta de uma guitarra longínqua até que um universo caótico se abata sobre nós. O resultado é portentoso e forte e transmite-nos uma tristeza seca e dura que apenas o cinzento de uma cidade consegue igualar. Os Raveonettes têm a qualidade necessária para pintar esta paisagem de olhos postos no chão. Músicas como "Dead Soun", com o seu toque mais Pop a crescer em ritmos lânguidos, ou "You Want The Candy", com o seu ritmo muito 60's, são a prova de que há vida no Rock mais pedalado. O shoegazing está de volta.
Título: Lust, Lust, Lust
Autor: The Raveonettes
Nota: 8/10

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