quarta-feira, 26 de março de 2008

Midnight Boom


Talvez os Kills nem se apercebam como estiveram tão perto, tão perto de conseguir um dos melhores álbuns Rock dos últimos tempos e claramente um dos melhores do ano. Midnight Boom tem um punhado de canções realmente boas, realmente interessantes e realmente ousadas no contexto do Rock actual. Ousadas não porque usem e abusem de recursos inimagináveis mas, exactamente pelo contrário, porque se limitam a usar o trivial das bandas do género mas conseguem um resultado muito mais satisfatório que a maioria. O problema de Midnight Boom é fazer-nos crer ser algo que, às tantas, não tem estofo para ser. Começam por prometer mundos e fundos, com as primeiras músicas, mas a sensação com que nos deixa a dupla é de não ter tido pernas para aguentar manter o nível da qualidade que até aí impunham.

Tudo começa com “U.R.A. Fever”. E desde aí se começava a adivinhar que este podia não ser um trabalho normal, com um Rock complemente geográfico e localizado, repleto de pormenores deliciosos e todos de uma simplicidade impressionante. Já “Cheap and Cheerful” começam a apelar para um ligeiro movimento de ancas na pista de dança, sem nunca desiludir face ao começo promissor. À terceira faixa, “Tape Song”. Cada cavadela, sua minhoca. Desta vez, temos um Rock mais sentido, com um refrão mais gritado, sobre um fundo mais sujo que assenta maravilhosamente na voz feminina mas ligeiramente esganiçada de W (Alison Mosshart). Ainda na linha do grande trabalho que Midnight Boom poderia ter sido, “Getting Down” é já um início da quebra por vir, mas é ainda, apesar de tudo, um exercício agradável e, mais uma vez, extremamente simples. “Last Days of Magic” e “Hook and Line” são ainda parte integrante da fase mais alta do álbum mas ainda assim não conseguem esconder, apesar da sua força, que se estão a tornar demasiado iguais.

É por altura de “Black Balloon” que Midnight Boom começa a perder o fôlego e entra, irreversivelmente, num mundo de Rock demasiado igual a muita coisa que ouvimos por todo o lado. Tudo isto não seria um problema se no principio não nos tivessem prometido tanto. Midnight Boom continua a ser um belo trabalho Rock e provavelmente um dos melhores de 2008 do género quando a altura inevitável das listas chegar no fim do ano. No fim, uma surpresa, relembrando-nos que este é, ainda, um grande álbum. “Good Night Bad Morning” encerra a casa com balada bem conseguida que remata tudo com mestria e comprova como que o cansaço dos Kills que os não permitiu ter aquele je ne sais quoi que faria de Midnight Boom um caso sério.

Título: Midnight Boom
Autor: The Kills

Nota: 7/10

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