segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Liars


Grande é a tentação ao criticar-se o novo trabalhos dos Liars. Fácil seria tentar perscrutar influências e tendências e explorar um filão de nomes e mais nomes, citando bandas contemporâneas, outras não tanto – atenção ao rock dos anos 70 neste álbum –, cruzamento de géneros e sonoridades. Difícil, difícil, neste caso, é simplesmente tentar descrever o som de Liars, o mais recente trabalho da banda, que apenas agora opta por um álbum homónimo. Talvez porque apenas agora tenham conseguido um ponto rebuçado no que à sua música diz respeito, eles que sempre pareceram andar bastante à procura de algo. Pois, seja esse algo o que for, e com certeza eu não sei descrever o que é, eles encontraram-no.

Liars, álbum da banda nova iorquina que sucede a Drum’s Not Dead, é um trabalho riquíssimo, pleno de vicissitudes de bom tom e pormenores esteticamente aliciantes. É costumeiro elogiar trabalhos despretensiosos. Pois bem, aqui temos um Rock – será isto o Rock? – de cariz musical bem pretensioso, grandiosamente estranho mas, ao mesmo tempo, salutar. Liars é um trabalho pesado, negro e perturbador. Mas ao mesmo tempo, a espaços, consegue uma luminosidade passageira, transmitida pela maior leveza – de tom, não de espírito – de algumas faixas. Haverá melhor definição da vida? E do Rock?

A banda que conta com Angus Andrew na voz compila uma série inequívoca e impressionante de recortes musicais provenientes de subgéneros distintos e que se integram num só porque convergem em torno do panorama Rock. Esta essência permite ao trabalho, na sua coerência, uma diversidade que lhe assenta, está-se mesmo a ver, como uma luva. “Plaster Casts of Everything” traz a parte mais furiosa deste mundo Liars; “Leather Prowler” é das musicas mais negras e deprimentes de que há memória e “Cycle Time” mostra que há mundo exterior à volta deste Rock. Este são alguns exemplos da complexidade desta grande mentira. Como a vida.

Título: Liars
Autor: Liars

Nota: 8/10

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