segunda-feira, 3 de março de 2008

Sweeney Todd


Burton e Depp estão já inscritos na mente de todos como uma das mais originais e profícuas duplas do cinema americano. Não obstante este ser apenas o seu 6º filme conjunto, é vasta a forma como influenciaram uma parte do cinema actual, renovando e criando uma estética própria e inconfundível. Talvez por isso, muita da critica reagiu a Sweeney Todd com algum desalento face à aparente falta de inovação que o filme traria na história da dupla. Sweeney Todd traz, de facto, alguns pormenores e ideias que não são estranhas à carreira de Burton, com especial destaque para Eduardo Mãos de Tesoura. Mas isso não é mau.

Tim Burton poderia ter optado por uma recriação livre da história de Benjamin Barker, mais tarde o barbeiro Sweeney Todd. Mas optou por uma reprodução com alguma fidelidade ao musical de Stephen Sondheim, mantendo a estrutura base, e apostando essencialmente numa estética envolvente que vai desde a visão da Londres de Todd (que tem a identidade e os traços de uma personagem própria) à composição do próprio Sweeney Todd. Assim chegamos a um musical sem grande novidade, mas redecorado pela voz de Depp, espécie de vocalista punk tardiamente descoberto.

A história de Sweeney Todd não foge muito à que Dumas escreveu para o seu Conde de Monte Cristo, sobrevivendo sobretudo à custa da procura cega de vingança do famoso barbeiro. O que distingue Todd, paradoxalmente pela positiva, é o seu lado negativo. A sua falta de humanidade e sua crueldade extrema – no fundo causadas pela dor imposta pela sociedade que o privou da sua anterior felicidade – que serão, quer o mote para a realização da sua vingança, quer a sua própria desgraça e infortúnio, bem ao jeito das tragédias gregas.

O impacto desta versão de Burton é como o de uma peça de teatro minuciosamente cuidada e arranjada. A encenação é perfeita, o jogo de cores e luzes também, e a soturnidade conferia á cidade é contrastada somente pelo calor vivo e vermelho que o sangue transmite. Também perfeito é Johnny Depp, cada vez mais o melhor actor da sua geração, secundado aqui por um boneco – mais um – exemplarmente conseguido por Sacha Baron Cohen e pelo calor feminino das empadas de Helena Bonham Cárter.

Título: Sweeney Todd: O Terrível Barbeiro de Fleet Street
Realizador: Tim Burton
Elenco: Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Timothy Spall, Sacha Baron Cohen e Anthony Head
E.U.A., 2007.

Nota: 7/10

1 comentário:

Anónimo disse...

Tim Burton é um realizador excepcional com um "muso" melhor ainda, johnny depp.