sábado, 25 de outubro de 2008

Mamma Mia!


A questão em Mamma Mia! passava por saber se é possível gostar do filme não gostando dos Abba. A questão, no fundo, vai mais longe. Não tem haver com gostar ou não dos Abba - embora, sejamos francos, claramente ajuda - tanto quanto tem com gostar do ambiente e do estilo que os Abba incorporam. Aquele Glam com um toque ligeiramente non-sense, que no fundo era bom para descrever grande parte dos anos 70 e 80; toda aquela pista de dança luzídia, com uma enorme dance-ball e fatos espaciais; ou ainda o grande sentimento que marca esta parte da música dos anos 80 de que, no final, tudo corre para o melhor, e que teve repercussões também no cinema dessa década. Esta é a Pop que os Abba compreenderam, e por isso foram um sucesso. Mamma Mia! é uma ode a tudo isso. É um feel-good-movie, de happy-ending previsível, para a família ver, e rever as músicas que em casa canta. Não há mal nenhum nisso. Também não há bem que daí advenha.
A desculpa para juntar toda esta cantoria dos Abba, e que não vem daqui mas de um musical de teatro que o filme adapta, é a história de um jovem rapariga prestes a casar que desconhece o pai. Para isso, convoca 3 possíveis candidatos, à revelia da mãe. A mãe é Meryl Streep, Pierce Brosnan e Colin Firth são dois dos seus antigos amantes. A história é descozida e sem grande noção de enredo, mas também não era isso que se pedia. Pedia-se uma desculpa minimamente razoável para colocar as estrelas em festa e o público em gáudio geral com a cantoria geral. O mundo Pop é belo e simples e é por isso que gostamos dele. Mas há exageros. Demasiada coisa é redutora ou é mal explicada em Mamma Mia! com a simples motivação de encaixar uma música. Algumas personagens são imperceptíveis de mal explooradas - haverá maior exemplo do que o noivo? - e quase nunca perdemos a estranha e inquietante sensação de estar a ver um grande videoclip dos Abba.
A resposta à questão é que não, não é possível gostar do filme se não se gostar do ambiente que gira à volta da música dos Abba, e de que a música em si são só um dos pormenores - e mesmo assim, dos melhores. Não é possível porque Mamma Mia! nunca nos dá grandes motivos para isso. Meryl Streep faz o melhor que pode e saber - e isso é tanto - mas nunca descola da imagem de cantora de videoclip que o filme sugere. Pierce Brosnan é estático - como qualquer bom figurante num videoclip - e nem sempre o melhor dos cantores, enquanto Colin Firth se repete em esgares que já interpretou mais convincentemente. E isto apenas no sector das estrelas de cartaz, com nome próprio para, ao contrário dos outros, não se limitar à mera interpretação das canções. É possível fazer um musical com grandes êxitos Pop, e Moulin Rouge provou-o. Mas não assim.
Título: Mamma Mia!
Realizador: Phyllida Lloyd
Elenco: Amanda Seyfried, Stellan Skarsgård, Pierce Brosnan, Colin Firth, Meryl Streep e Julie Walters.
Reino Unido, E.U.A. e Alemanha, 2008.
Nota: 4/10

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