quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Quando Edie conheceu Warhol

Quando Edie conheceu Warhol, Factory Girl na versão original, apresenta um retrato de Edie Sedgwick, musa de Warhol nos anos 60, cujo interesse se mascara pelo interesse pelo próprio Warhol. O filme em si parece aperceber-se disso e entre esta quase biografia de Edie e um biopic de Warhol há vários pontos que se tocam. Mas este não é um biopic de Warhol e é aí mesmo que o filme começa a perder o interesse.

Pelos anos 60, a menina rica Edie Sedgwick parte para Nova Iorque e rapidamente se vê apresentada a um dos artistas em ascenção da altura: Andy Warhol. É pela mão deste que Edie entra na Factory, um antro de artistas boémios, reminescências da revolução do principio do século em Paris. Drogas, sexo e arte. Pop-Art. Nem tudo tem que fazer sentido, muito menos a vida.

Aqui reside o que de melhor traz este Factory Girl. A caracterização da Factory, das pessoas que nela residiam, trabalhavam e matavam o ócio, o clima de Bobo (Bourgeoise Bohéme), as loucas festas, a droga e, claro, Warhol. Será sempre a personalidade de Warhol que nos prende a este filme. É a presença dele na vida de Edie que nos prende a ela, é a sua ligação que nos interessa. Sem Warhol, este é apenas mais um filme banal sobre a moralidade barata do não consumo de drogas duras. Sem Warhol, Edie é apenas uma rapariga de quem se aproveitaram, a quem as drogas estragaram a vida, exemplo social de que o cinema, e os espectadores, começam a ficar fartos.

Nem os problemas familiares, nem a falhada história de amor como um Rocker de imitação menor de Dylan , nada disso convence em Quando Edie conheceu Warhol. Convence sim, como já se disse, quando se retrata a Factory e o próprio Warhol. E se isto acontece, o grande responsável tem nome. Guy Pearce assina uma interpretação memorável, começando na imagem que nos cria e acabando num rol de pormenores que não podem passar despercebidos, desde a voz, os olhares, as mãos à própria postura. Quando este Warhol aparece, todo o filme parece ganhar uma nova luz e as apostas do realizador George Hickenlooper parecem fazer algum sentido.

Ainda assim, apesar de Guy Pearce, apesar da Factory, apesar de mais um par de boas representações (como, por exemplo, Beth Grant no papel de Júlia Warhol, mãe de Andy), apesar de por vezes o filme nos conseguir prender, este é um filme que nunca se consegue desprender do cliché social que apenas o contexto social e artístico mascara. Para a próxima que se fale do principio ao fim de Andy Warhol e assim agrada-se a todos.

Título: Quando Edie conheceu Warhol
Realizador: George Hickenlooper
Elenco: Sienna Miller, Guy Pearce, Hayden Christensen, Mena Suvari, Beth Grant e Jimmy Fallon.
E.U.A., 2006.

Nota: 6/10

1 comentário:

Anónimo disse...

pq criticos são criticos ? pq eles não são bons o suficiente !