quarta-feira, 18 de julho de 2007

LP1


De repente, a França volta a dar cartas. Depois de ter conseguido vencer a luta do preconceito musical proveniente dos tempos da “chanson française”, um pouco como Portugal ainda vai fazendo com o Fado, impôs-se noutras correntes musicais, impondo estilos, ditando correntes. Tinham acabado de vez os tempos de Edith Piaf, Jacques Brel ou Charles Aznavour e já não havia apenas nomes soltos e dispersos como Serge Gainsbourg. Era a década de 90 e vinham em peso os Daft Punk e os Air. De Paris para o mundo.

Foram de facto tempos auspiciosos para a música francesa, que lentamente viu o centro musical voltar a dirigir-se para os “mtvianos” Estados Unidos e, aqui e ali, para a Grã-Bretanha. Mantinha-se em França, uma acesa chama no que tocava à música electrónica, especialmente de cariz mais alternativo, ombro a ombro com os melhores palcos, como Berlim.

Será assim, muito resumidamente, que se chega a uma altura em que a França volta a assumir um protagonismo musical como à muito não se percebia possível. O álbum dos franceses Justice vai alimentando várias páginas dos jornais da especialidade, o videoclip de Martin Solveig vai entrando pelas nossas casa adentro e as editoras Kitsuné e Ed Banger vão se revelando faróis no que à música electrónica de vanguarda diz respeito. Faltava assaltar o Rock, terreno por excelência anglo-saxónico e norte-americano.

2007 traz duas boas oportunidades para avaliar este último terreno. Naast e Plastiscines. Enquanto os primeiros trazem um trabalho mais previsível (Antichambre), onde se destaca a faixa de abertura “Mauvais Garçon”, as Plastiscines são um grupo de jovens francesas que parece ter percebido tudo o que mundo procura. Juventude, frescura e rock frenético. As plastiscines são isso mesmo. Uma espécie de Pete Doherty, só que em mulher, e em bom. Míudas mimadas que pegaram em guitarras e decidiram divertir-se. E divertir-nos. Parecendo que não, resulta.

O álbum em causa, LP1, editado em Febreiro de 2007, vai-se dividindo. Entre o francês e o inglês. Entre o frenético Rock e o melódico Pop. Verdade seja dita, o inglês da vocalista Katty Besnard por vezes roça o imperceptível, mas também isso lhe confere uma certa graça. Não obstante, sente-se que em língua própria se movimenta melhor, o que se repercute na música em geral. Quanto ao resto, como a sua condição exigia, esgrimem melhor argumentos quando se decidem a fazer barulho e confusão do que a compor melodias Pop. Ninguém leva a mal. Ressalve-se, bem para além do single de apresentação “Loser”, músicas como “Shake (twist around the fire)”, “(Zazie fait la ) Bicyclette” ou “Alchimie”. Em LP1, cada música dura nunca mais de cerca de 2 minutos. É o tempo entre cada ida ás compras.

Título: LP1
Autor: Plastiscines

Nota: 6/10

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo, é uma boa estreia, que não trazendo nada de novo nem tendo momentos muito memoráveis consegue ser um disco fresco q.b..
Prometem...